João Arnas's profile

Santuário da Hipermodernidade

Hino à Solidão
(Antônio Feijó, Sol de Inverno, 1915)

(...) É só na solidão que a alma se revela,
Como uma flor nocturna as pétalas abrindo,
A uma luz, que é talvez o clarão duma estrela,
Talvez o olhar de Deus, de astro em astro caindo...
E dessa luz, a flor sem forma, há pouco obscura,
Recebe o seu quinhão de graça e de pureza,
Como das mãos do artista, animando a escultura,
O mármore recebe a sua alma — a Beleza. (...)
O Santuário da Hipermodernidade visa promover o reencontro do homem hipermoderno com uma experiência indissociável à condição humana: a da solidão. Se um dia ela teve espaço na agenda da arquitetura, hoje ela parece simplesmente ter adquirido a forma de um problema que precisa ser combatido em todas e quaisquer circunstâncias. 


Equipe de projeto: João Arnas
Localização: Curitiba, PR - Brasil
Ano: 2019
// biblioteca
Forma circular advinda de uma análise do modelo panóptico de J. Bentham. A biblioteca é uma inversão do modelo. Composta por uma torre no centro de uma empena cega, cria um ambiente que não pode ser observado pelo exterior, cujo único eixo de observação é o interno. A referência ao panóptico deve-se ao fato de o edifício anterior ter sido um hospital psiquiátrico
// teatro
Prática da solidão em conjunto. O teatro é pensado para receber espetáculos diversos, de orquestras a palestras. Sua planta é quadrada (box in a box) e a plateia é adaptável ao espetáculo. Ao seu redor existe um deambulatório, que permite momentos de contemplação com vistas de todo o complexo
// settings de psicoterapia
A origem do projeto partiu do antigo uso do terreno e de uma reflexão de como as psicopatologias contemporâneas podem ser tratadas após a  aprovação da chamada “lei antimanicomial” em 2001, que aboliu o internamento de pacientes em instituições totais. Os settings de terapia apontam para novas reflexões sobre esse tema
// campanário
Funciona como um mirante para a cidade, tirando partido da altura do terreno em relação ao entorno. Também abriga um grande sino e suscita reflexões acerca do tempo
// museu à memória do antigo hospital bom retiro
A crítica do projeto surge da  demolição do antigo edifício para a construção de um hipermercado. O Museu à memória do HBR é uma forma de garantir a conservação da história dos pacientes que por lá passaram e do tratamento psiquiátrico, especialmente os avanços que foram conquistados nesse âmbito
// café
Localizado entre outros dois usos do complexo: o teatro e o museu. Serve como o ponto de intercessão entre eles
// administração
Escritórios para funcionários que administram o complexo
// jardim memorial
Criado exatamente no lugar da implantação do antigo hospital, serve como um marco e um lembrete ao visitante de que o lugar é repleto de histórias.

Santuário da Hipermodernidade
Published:

Santuário da Hipermodernidade

Published:

Creative Fields